Fortaleza de Santo Antonio de Ratones
A Fortaleza de Santo Antônio de Ratones completa o vértice triangular defensivo da Ilha de Santa Catarina planejado pelo brigadeiro José da Silva Paes.
Em 1740, na Ilha de Ratones Grande, em meio à Baía Norte da Ilha de Santa Catarina, erguia-se a Fortaleza que foi concluída quatro anos mais tarde.
Uma curiosidade é que o nome da ilha de Ratones Grande foi dado pelo explorador espanhol Cabeza de Vaca porque o formato do local visto de longe se assemelhava a um rato.
Ao lado dela, uma outra ilha menor recebeu o nome de Ratones Pequeno.
A Fortaleza de Santo Antônio de Ratones é o terceiro vértice no triângulo defensivo do Norte da Ilha.
Integrando as fortificações de Anhatomirim, Ponta Grossa e Ratones que foram projetadas estrategicamente para poder cruzar o fogo dos canhões e proteger a baía da invasão de navios espanhóis.
Diferenciais desta Fortaleza
Os principais edifícios da Fortaleza de Ratones estão implantados em um mesmo terrapleno, na época era comum 3 terraplenos para melhorar a estratégia de combate.
Suas principais construções são a Portada, a Fonte D’Água e o Aqueduto.
A Ilha de Ratones é um paraíso recortado por uma Trilha Ecológica de 1.075 metros de extensão com mirantes e sinalização, aproveite para conhecer a fauna e a flora local.
Só era possível construir uma fortaleza onde havia uma fonte d’água, entretanto, a fonte da Ilha de Ratornes fica abaixo do nível do mar.
Tiros em vão da Fortaleza de Ratones
Segundo relatos durante a invasão espanhola de 1777, quatro tiros foram disparados pela fortaleza contra a esquadra inimiga. Mas foi em vão, já que a ilha foi tomada sem grandes resistências.
Quando os espanhóis devolveram a ilha à Coroa Portuguesa por meio do Tratado de Idelfonso, as fortalezas caíram em descrédito e foram praticamente abandonadas.
Ratones volta a ser utilizada somente em 1893 durante a Revolução Federalista, quando os rebeldes contrários ao governo de Floriano Peixoto usavam as instalações como abrigo.
O Governo tomou posse novamente da fortaleza e, depois de expulsar os revoltosos, entregou a fortaleza à Marinha Brasileira.
Exílio de doenças como cólera e carvão
Por sua vez, a Marinha usou a fortaleza de Santo Antônio de Ratones como Lazareto – local onde se abrigava pessoas com doenças contagiosas como cólera e lepra – e permaneceu em tal função até o século XX.
Além disso, a ilha serviu também como depósito de carvão.
Quando a restauração iniciou encontraram duas ossadas humanas atrás dos Quartéis de Oficiais.
Investigações arqueológicas, identificaram que as ossadas pertenciam a dois de doze sepultamentos que ocorrem enquanto a fortaleza era utilizada como lazarento para portadores de cólera.
Restauração
No processo de restauração buscou-se reconstruir a volumetria dos edifícios, seus vão originais e coberturas, preservando elementos remanescentes e as marcas das intervenções ocorridas ao logo de sua história.
Ficam evidentes as técnicas e materiais utilizados na reconstrução, e o visitante pode discernir entre o original e o restaurado.
Chama atenção a engenhosidade da arquitetura da Fonte d’água, o aqueduto que interliga os telhados da Casa do Comandante e dos quartéis, e a Portada com seu fosso seco, sobre o qual uma antiga ponte levadiça guarnecia a entrada da fortaleza.
Todos os edifícios e muralhas foram construídos com alvenaria de pedras (granito extraído da própria ilha de Ratones), e eram revestidos originalmente com reboco de cal e areia. A cal era produzida com as conchas de moluscos, abundantes na região
No lado norte da fortificação, conformada por uma muralha curvilínea – cuja forma ajudava a repelir os tiros inimigos – encontramos a principal bateria de artilharia da fortaleza, que chegou a contar com 14 peças (canhões): duas de bronze e doze de ferro fundido.
Hoje sobraram apenas quatro canhões, com destaque para um modelo britânico Whitworth do século XIX, hoje posicionado no porto dessa fortaleza, e que na época era um dos maiores canhões existentes no Brasil.